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O SENHOR DOS ANÉIS: O RETORNO DO REI, por J.R.R. TOLKIEN



Gênero: Alta Fantasia

Editora: Martins Fontes


SINOPSE:

"A sombra dos exércitos do Senhor do Escuro cresce cada vez mais. Homens, anões e elfos unem-se para lutar contra a Escuridão. Enquanto isso, Frodo e Sam penetram na terra de Mordor, em sua empreitada heroica para destruir o Anel."


Chegamos, enfim, à conclusão de uma das mais celebradas sagas de fantasia de todos os tempos. E esse é um título bastante merecido.


Levei mais tempo do que pretendia para finalizar essa saga, devido a afazeres pessoais e outras leituras atrasadas. Desde a primeira página de A Sociedade do Anel até a última de O Retorno do Rei, se passou pouco mais de um ano. Uma agradável coincidência, já que a jornada de Frodo, a partir do momento em que ele deixa o Condado, teve praticamente a mesma duração. Certamente sinto como se houvesse acompanhado o hobbit por todo o caminho. E isso, de certa forma, deu mais peso e importância ao final, quando ele finalmente chegou e arrancou uma lágrima dos meus olhos.


Me vejo agora incapaz de escolher um favorito entre os três livros, e isso é uma coisa muito boa, ao meu ver. A trilogia não me decepcionou, e minha admiração, como escritora e leitora, por J.R.R. Tolkien está mais forte que nunca.


Como sempre, as descrições das paisagens e dos lugares são muito detalhadas, e deixam a Terra-média extremamente real. Se o leitor percebe o andamento da leitura como lento, isso se deve pouco à escrita e mais à quantidade de informações que são expostas sobre o mundo fictício que serve de palco para a trama. É um ponto que pode incomodar alguns, mas que torna a Terra-média ainda mais maravilhosa aos olhos daqueles que percebem o capricho em sua criação.



A escrita consegue ser fluída, ainda que lindamente elaborada, mas só se torna inalcançável àquele que não tem interesse em ampliar seu vocabulário. É por meio desta narrativa, das descrições feitas de modo preciso do que acontece na cena e do lugar onde ela se passa, que ele consegue transmitir as emoções certas nos momentos certos. Ele nos empolga nas cenas de batalha, faz surgir um nó em nossas gargantas nas cenas comoventes e nos finais agridoces, e nos faz sentir alegria nos finais felizes.


Os diálogos são muito orgânicos e o modo de falar dos personagens, além de transmitir com competência as nuances de suas personalidades, é condizente com a época fictícia do nosso mundo representada na história.


Tolkien mostra mais uma vez sua habilidade com personagens. Pippin já começa o livro cativando o leitor com seu jeito curioso, tagarela e, muitas vezes, desajeitado; um jeito que foi representado fielmente nos filmes. A escrita do Professor Tolkien ensina uma das lições mais valiosas da escrita criativa: ao invés de dizer que tal personagem é "assim", mostre ao leitor que ele é "assim" através de suas ações e sua fala.



Éowyn também brilha no livro. Ainda que fosse aceitável termos uma trama dominada por personagens masculinos, levando em consideração a época em que a história foi escrita e a época em que ela se passa, Tolkien fez questão de adicionar uma personagem feminina verdadeiramente forte, determinada, crível, com ambições e conflitos próprios, e que, mesmo fazendo parte da realeza, desejava fazer parte das grandes batalhas que libertariam a Terra-média e ter a chance de conquistar a glória por méritos próprios. Vê-la junto de Faramir, no final, é mais que satisfatório, já que ele é um dos personagens mais cativantes da saga, embora eu tenha sentido falta de um desenvolvimento melhor do interesse romântico entre eles. Ainda assim, não é um romance forçado, tampouco artificial.



É incrível como Tolkien conseguiu manter uma trama em um universo tão vasto sem um furo sequer, e é muito interessante como ele sempre se lembra de não deixar que o leitor se perca no tempo da história. Como a narrativa em O Retorno do Rei se divide em duas, como no livro anterior (na primeira parte, acompanhamos Aragorn, Gandalf, Merry, Pippin, etc., e na segunda parte acompanhamos Frodo e Sam), e os acontecimentos das duas partes ocorrem simultaneamente, ele nos diz de vez em quando coisas como "Frodo e Sam estão aqui fazendo isso, no mesmo dia em que aconteceu aquilo com Pippin".



Durante a narrativa principal, sentimos falta também de saber mais sobre a relação entre Aragorn e Arwen, no entanto, como a história é narrada do ponto de vista dos hobbits, é algo coerente. Mas calma! Olhe nos Apêndices e você poderá encontrar a história completa do casal. Lá, encontramos também muito mais sobre as culturas dos elfos, anões e muitos detalhes sobre a história dos reis de Númenor e dos demais reis dos homens do oeste.



A edição da Martins Fontes, como nos livros anteriores da trilogia, está impecável, embora as páginas brancas sejam um incômodo, sem dúvidas. A diagramação é simples, mas faz bem seu papel, e a revisão ortográfica e gramatical é perfeita, apesar de não estar de acordo com o acordo ortográfico de 2009, já que esta edição é de 2002.


Em suma, afirmo o que o mundo inteiro já sabe: o que o Professor Tolkien alcançou em sua obra dificilmente será igualado em nosso tempo. Embora seja uma história de espadas e escudos, ela jamais vai parecer antiquada, por conta da mensagem que ela nos passa: honra, companheirismo e o bem comum. Apesar de estar contente por ter terminado a saga, a saudade da Terra-média já se faz presente. Ainda bem que podemos visitá-la quando quisermos, não é mesmo?

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