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JARDIM PARA BORBOLETAS MÓRBITAS, por ED SARAIVA JR.



Gênero: Dark Fantasy/Terror Editora: Folheando SINOPSE: "No período pós 2ª Guerra Mundial, em uma isolada fazenda na Romênia, vive Nicolae, um garoto muito inteligente que descobre um universo mágico e sombrio ao redor de sua casa. Quando sua mãe, Aurora Packwood, decide fazer uma viagem, deixando o garoto cuidando dos afazeres da fazenda, coisas assustadoras acontecem. Durante a ausência de Aurora, Nicolae começa a receber visitas de estranhos e acaba se tornando presa de uma criatura temida há séculos. Kaverah ressurgiu do mundo dos pesadelos para buscar suas crianças solitárias." Confesso que o primeiro parágrafo do Prólogo foi o bastante para baixar minhas expectativas, pelo modo cliché como foi apresentado, mas a história me prendeu logo em seguida e eu não conseguia mais parar de ler. Tanto que, também pelo fato de ser um livro bem curto, mais parecendo um conto longo, o li praticamente em um dia. É uma trama simples, mas cativante. Ela faz o leitor sentir junto com o protagonista. A escrita é um pouco corrida, e em alguns momentos raros se mostra imatura, mas é simples e despretensiosa. A narrativa se assemelha à de um conto de fadas clássico, e, ainda assim, momentos bastante macabros e grotescos, feitos apenas para os fortes de estômago, se mesclam nela muito bem, deixando a história mais semelhante às verdadeiras origens dos contos de fadas. E incluir na história um dos pontos mais misteriosos da Romênia, como a floresta de Hoia-Baciu, já conhecida daqueles que estudam ou gostam de pesquisar sobre o paranormal, foi uma ótima sacada.


Nicolae é um dos pontos fortes da obra. Ele é um personagem convincente e o leitor simpatiza muito com ele, assim como os outros personagens, ainda que estes não sejam tão desenvolvidos quanto ele. Os nomes e sobrenomes escolhidos para os personagens são todos bastante condizentes com o país onde se passa a história, a Romênia, com apenas uma ressalva: o sobrenome do protagonista e de sua mãe, Packwood, cuja etimologia é nitidamente britânica. A pesquisa histórica a respeito do contexto em que a Romênia se encontrava naquela época foi feita de forma impecável, e o modo de vida e de agir dos habitantes do campo na década de 1940 foi representado com o mesmo cuidado. O final me pegou completamente de surpresa e me deixou bastante impactada. As últimas páginas deixam o leitor literalmente sem fôlego.


A gramática e a ortografia possuem algumas inconsistências logo no início e elas se mantém até o fim, mas ainda assim em níveis contidos. Algo que notei também, é que em algumas passagens houve um exagero no rebuscado, o que contrasta estranhamente com a simplicidade da linguagem direta usada no resto do texto. Além de que algumas poucas expressões são usadas de maneira equivocada mais de uma vez, como dizer que a mãe está enxugando as mãos "nos vestidos". Os pensamentos escritos entre aspas, ao invés de em itálico, não é algo esteticamente agradável para mim, mas isso é um gosto pessoal. A edição da Editora Folheando está muito bonita, embora a revisão tenha pecado em alguns momentos. A capa é linda, a diagramação é de muito bom gosto e tem uma identidade própria. Jardim para Borboletas Mórbidas participou da 28ª edição do Desafio do Terror Rascunhos Literários, vencendo na categoria "Melhor Título" e conquistando o Terceiro Lugar Geral na competição. Você pode conferir o artigo sobre o lançamento do livro e uma entrevista rápida com o autor clicando aqui. Ed Saraiva Jr. sem dúvidas começou sua carreira com o pé direito, e tem tudo para ter um futuro promissor na literatura, não só paraense, mas nacional. Jardim para Borboletas Mórbidas está mais que recomendado para quem gosta de se aventurar nas sombras de uma boa história de terror.

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