O CASO DE CHARLES DEXTER WARD, por H.P. LOVECRAFT
- Mayara Albuquerque
- 12 de ago. de 2018
- 3 min de leitura

Gênero: Suspense/Mistério Editora: Hedra
SINOPSE:
"O romance conta a história do jovem Charles Dexter Ward, apreciador da arqueologia, que em 1918 se envolveu com o passado, devido à sua fascinação com a história de seu tetravô, Joseph Curwen, que havia adquirido notoriedade por sua assombração de cemitérios, sua aparente falta de envelhecimento e suas experiências químicas. O jovem mergulha cada vez mais fundo em suas pesquisas sobre seu ancestral, o que parece estar levando ele à loucura. O médico de Ward, Marinus Bicknell Willett, torna-se envolvido nas ações de Ward, investigando o antigo bangalô de Curwen em Pawtuxet que Ward restaurou. Os horrores que Willett encontra e o cerne da identidade de Ward e Curwen, formam a articulação de horror em que o romance se move."
Devo confessar que, sendo esse meu primeiro Lovecraft, eu iniciei essa leitura com expectativas muito altas. E não me decepcionei. A narrativa já começa de uma forma bastante intrigante. Ela apresenta primeiro as consequências da história, o estado aparentemente perturbado de Ward, para depois contar quais foram os eventos que o levaram a esse estado, deixando o leitor curioso pra saber o que houve e, assim, o prendendo no livro de uma forma muito eficaz. Em poucas palavras Lovecraft já é capaz de descrever muito sobre o protagonista, como a descrição de sua postura e do seu semblante, deixando bem evidente sua inclinação acadêmica. Mais do que a mera descrição física óbvia, como cor dos cabelos ou dos olhos, ele valoriza os detalhes físicos e comportamentais que espelham a personalidade do personagem e a impressão que ele causa naqueles ao seu redor. Suas descrições tanto de lugares como de pessoas são breves e elaboradas ao mesmo tempo, fazendo uma descrição rica em apenas uma frase ou duas. Todo o desenvolvimento da história é bem feito. Ritmo certo pra um mistério. Faz você continuar acompanhando e não querer parar. Alguns podem achar a história um tanto monótona, como leitores que preferem mais ação no livro, ou uma escrita mais contemporânea. É um livro para quem realmente gosta do gênero terror, mistério e investigação; para quem gosta de ir acompanhando as descobertas até o clímax, como uma história de detetive, papel que acaba sendo do médico da família, Willett, por boa parte da história. Eu me diverti muito acompanhando as pesquisas do protagonista enquanto ele desenterrava o passado de Curwen, e acompanhei a aflição de Willett enquanto ele acabava sendo exposto a uma parte da grande e temível mitologia criada por Lovecraft. O final, embora seja considerado previsível para alguns, me surpreendeu e me fez vibrar, e conseguiu ser satisfatório e amargo ao mesmo tempo. Essa edição da editora Hedra não deixou a desejar em nada. A introdução explicando a história de publicação da obra foi uma adição e tanto, deixando o leitor mais por dentro do contexto de sua chegada aos leitores, que se deu após a morte do autor. Lovecraft não acreditava no potencial da história e decidiu deixá-la engavetada, até que, alguns anos depois de sua morte, um amigo seu resolveu fornecer a história inédita à revista Weird Tales, e ela continua fascinando os amantes do terror até os dias atuais. A revisão do texto foi impecável, embora a falta evidente de vírgulas em orações enormes e o uso estranho do ponto e vírgula incomodem um pouco. Ainda assim, não é um fator que diminua a qualidade dessa obra prima. Algumas das adaptações de mais destaque dessa obra são a opera de 1980, composta por Camilla Saunders, o filme "Renascido das Trevas", de 1991, dirigido por Dan O'Bannon, e o jogo de videogame de 2001, publicado pela DreamCatcher Interactive e desenvolvido pela Wanadoo Edition, chamado "Necronomicon: The Dawning of Darkness". Este último, no entanto, apresentou mudanças nos nomes dos personagens e no final. Em suma, O Caso de Charles Dexter Ward é um romance curto, mas espetacular, que acrescenta ainda mais grandeza ao nome de H.P. Lovecraft e à estante de qualquer um que possua um exemplar.
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