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O SENHOR DOS ANÉIS: AS DUAS TORRES, por J.R.R. TOLKIEN


SINOPSE:

"O segundo volume de O Senhor dos Anéis segue contando a história de Frodo Bolseiro e sua jornada rumo a Mordor, assim como os demais membros da Sociedade do Anel, agora dividida. Aragorn, Legolas, o elfo, e Gimli, o anão, seguem os rastros dos servos de Saruman, na esperança de encontrar Merry e Pippin ainda com vida."


Eu comecei a ler As Duas Torres com expectativas altas e voltei a me maravilhar com a escrita do mestre Tolkien. Além de conhecer novas partes da Terra-Média, como Rohan e a floresta de Fangorn, conhecemos também novos personagens, como Barbárvore, Gollum e Faramir.


Acredito que um dos personagens que mais me cativaram até agora foi o Faramir. Foi muito interessante ver, não só ele como um personagem isolado, mas também o contraste dele com o irmão, Boromir. Ambos eram homens bons e honrados, mas com personalidades distintas. Enquanto Boromir se mostrou mais como sendo o destemido, imponente e mais vulnerável à influência do Anel, Faramir é mais contido, um homem de liderança, sempre muito respeitoso e prudente, além de demonstrar completa resistência ao Anel. Esse é um dos pontos que diferem do filme, onde ele chega a prender Frodo com a intenção de usar o Anel para defender Gondor, mas acaba libertando ele no caminho. Ainda assim, tanto no livro quanto no filme o leitor simpatiza muito com ele, que é um dos personagens mais carismáticos da série.



No geral, as personalidades dos personagens continuam muito bem trabalhadas, como a do Gollum, que é fascinante. A dupla personalidade dele, causada pelo tempo de exposição ao Anel, foi muito bem retratada. Ele parece estar sempre em conflito com ele mesmo, querendo fazer o mal e ao mesmo tempo não querendo. É incrível, para a quantidade de personagens nessa história, como todos eles parecem ter uma vida própria, o que fica bastante evidente nos diálogos, que é, na minha opinião, um dos pontos mais fortes de ambos os livros. O modo como os personagens vão desenvolvendo os assuntos é muito orgânico e tem uma certa profundidade, mesmo tendo em vista que o modo de falar representado na trama se baseia em um modo antigo de falar. Os personagens têm singularidades nas suas próprias histórias, têm experiências, e você vê toda a vivência deles representada ali.



E com a história da própria Terra-Média é a mesma coisa. Tudo é muito detalhado e muito singular. Os acontecimentos, as tradições, as culturas; é um mundo tão rico que fica cada vez mais realista. Algo que é importante falar sobre escrever uma obra de fantasia é que, para que a história que você quer contar seja envolvente e interessante, você tem que ter as regras do seu universo muito bem definidas e deixas elas claras para o leitor. Não é porque é fantasia que tudo pode acontecer de qualquer jeito. Se o leitor não entende as regras desse mundo fictício, a imersão dele na trama fica comprometida, porque a história pode ficar contraditória e confusa. E no caso da Terra-Média, você a entende muito bem, como se fosse real, o que a deixa ainda mais fascinante. Além da descrição histórica muito detalhada, a descrição de cenário é muito rica; a paisagem, o relevo, o clima, etc.



Nesse volume, a narrativa se divide em duas partes. Na primeira parte, o leitor acompanha o resgate dos hobbits Merry e Pippin, do seu próprio ponto de vista e do ponto de vista de Aragorn e cia., assim como a batalha do Abismo de Helm, etc. Na segunda parte, temos o ponto de vista de Frodo e Sam até o fim do livro. Eu achei essa divisão interessante por dois motivos: por ter tornado, para mim, a narrativa mais rápida (ainda é, como o livro anterior, um pouco demorado de se ler, para algumas pessoas, mas é mais dinâmico que o primeiro) e por ter dado o devido foco à relação de amizade e confiança do Frodo e do Sam diante de tudo o que eles passam, com destaque para o capítulo onde eles passam pela toca da Laracna. Nesse capítulo, o Sam subiu ainda mais no meu ranking de personagens favoritos de todos os tempos, com certeza. Ele se mostra um dos melhores personagens desde o início, e é justamente próximo ao final do livro em que Frodo começa realmente a sentir o fardo de Portador do Anel, assim como os efeitos tanto físicos quanto psicológicos que a viagem foi causando nele.



Como eu mencionei antes, o ritmo da narrativa começa um pouco lento, mas logo ele "engrena" e fica bem mais dinâmico. A edição da Martins Fontes é muito boa, embora as páginas brancas possam incomodar um pouco, mas no geral ela é muito bonita. As capas da trilogia são lindas e a revisão é muito competente, ainda que tenham alguns erros pequenos que acabam passando, como falta de pontuação e de alguns conectivos, mas nada de muito grave.


Até então, essa saga não me decepcionou e até superou minhas expectativas, me deixando ansiosa para começar o terceiro livro. Lembrando que essa não é uma saga de ação, mas sim de fantasia e aventura. Acredito que muitos comecem a ler ela com a expectativa errada, achando que vão haver mais batalhas e luta, e acabam se decepcionando. Quando você abre algum livro dessa saga, você tem que ter em mente que está acompanhando uma jornada, e jornadas são imprevisíveis.

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